«É dever de todos os cidadãos
participar na vida pública. Da boa gestão dos negócios públicos depende, em
larga escala, a satisfação dos próprios interesses individuais. Da pólis,
designação da cidade em grego, nasceu o termo "política", que outra
coisa não é senão administração da pólis.
A gestão cabe aos escolhidos pelo
conjunto dos cidadãos eleitores. Para estes acertarem na escolha hão-de dispor
de boa informação sobre os objectivos e os programas a realizar, bem como sobre
as capacidades de execução por parte dos candidatos.
A democracia, visando também
orientar o povo para uma sábia escolha dos dirigentes, opõe-se, dessa forma, à
demagogia ou manipulação popular. Cria mecanismos de recolha de opinião, de
forma a encontrar linhas dominantes de pensamento.
Todas as opiniões são
importantes, mas, como "cada cabeça dá sua sentença", importa
descobrir denominadores comuns. Daí a imprescindibilidade dos partidos políticos.
Por isso, sem partidos políticos não há democracia. Eles são agregadores de
opinião.
Os políticos são homens e mulheres de partido (confessado ou tácito).
Se, por um lado, estão alinhados com os objectivos e as orientações
estatutárias e partidárias, correndo o risco de visão parcial da realidade, por
outro lado, dispõem da enorme vantagem de confrontarem a sua opinião com a dos
correligionários.
Assim, o que parece ser falta de independência é, pelo
contrário, solidez de opinião, dado esta resultar neles mais fundamentada. Não
é por acaso que excelentes técnicos, de reconhecida capacidade e competência
intelectual e de notável isenção moral, falham na acção política. Carecem da
escola e da tarimba da vida democrática. O respeito que merecem os
independentes deve ser por estes correspondido com o humilde reconhecimento da
sabedoria democrática dos militantes partidários.
As eleições autárquicas são
da maior importância na vida democrática. Enquanto nas eleições nacionais é
difícil conhecer a personalidade dos candidatos, ao nível da freguesia e do
concelho é possível inteirar-se do perfil, das capacidades, dos projectos e da
dimensão humana e moral dos candidatos. No entanto, importa que o eleitor
disponha de tempo suficiente para formar o seu juízo crítico.
Estamos a dois anos de
distância das eleições autárquicas. Pela importância de que se reveste a
eleição do presidente da Câmara de Braga, é altura de abrir o debate sobre os
eventuais candidatos.
Na Partido Socialista, a
decisão da escolha dos candidatos autárquicos cabe às comissões políticas
concelhias, sendo, no caso de Braga, de umas seis dezenas de militantes.
Estes
necessitam de tempo para decidirem quem reúne as melhores condições para o
exercício dos cargos. E têm de saber perscrutar os argumentos e as opiniões dos
eleitores no sentido de enformarem a sua própria opinião. Por isso, lançar
desde já nomes de candidatos na praça pública, longe de interferir no poder de
decisão dos membros da Comissão Política, antes contribui para lhes reforçar o
poder de decisão.
Os membros da nova Comissão
Política, a eleger lá para Março próximo, hão-de candidatar-se já com ideias
claras sobre o perfil dos candidatos à Câmara de Braga. E a sua opinião já
deverá traduzir o sentimento de muitos eleitores. Os militantes partidários têm
o privilégio de conhecer mais de perto os candidatos, mas não estão isolados na
sociedade.
Anunciar a tempo as candidaturas proporciona aos militantes e aos
eleitores em geral condições para um eficaz exercício democrático. Os cidadãos
do concelho de Braga podem e devem debater o perfil dos candidatos com os
militantes partidários, a quem cabe a decisão da escolha.
O Dr. António Braga, meu
antigo aluno no Liceu Sá de Miranda e meu sucessor na Assembleia da República,
tem um percurso brilhante na vida política. No Parlamento tem desempenhado
papel relevante, nomeadamente como vice-presidente da bancada socialista.
Exerceu, no Governo, as funções de Secretário de Estado das Comunidades, que
prestigiou pela sua competência e dedicação. A sua experiência em funções
nacionais reforçou-lhe a eficácia no exercício de competências ao nível local,
que sempre acumulou com os cargos nacionais. A sua acção como deputado
municipal, como vereador da Câmara e como presidente da Assembleia Municipal
(agora a exercer em segundo mandato), patenteia um currículo objectivo que fala
por si mesmo.
Aprecio imenso o crescimento
humano, a custo tolerando os que, embora podendo, desistem de progredir. O Dr.
António Braga, com as vantagens da sua meia idade (não padece da inexperiência
da juventude nem das debilidades duma idade mais avançada), tem dado provas dum
amadurecimento humano e duma progressiva
competência técnica, que fazem
prenunciar um bom exercício na
presidência da Câmara Municipal de Braga».
[Agostinho Domingues, Diário do Minho, 02.10.11]
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