Pensar
a Cultura como um eixo de intervenção política ao nível autárquico é um
imperativo para a afirmação de Braga como cidade-centro, ou seja, Braga como
lugar de desenvolvimento e referência da grande região de que tem sido
justamente um símbolo maior.
A
Cultura, contudo, não é só acção estratégica ou meio de desenvolvimento; é
também fruição, educação, expressão, arte, literatura, música, tradições,
movimentos, correntes, teatro, folclore, jornais, círculos, entre outras formas
de ser.
A
moção “Aprofundar o desenvolvimento, fazer crescer o legado”, base programática
da Candidatura liderada por António Braga à Concelhia do PS/Braga, fixa bem
esta concepção de Cultura eclética, irreverente e intervencionista.
Eclética,
porque aberta a múltiplas formas de expressão, desde a mais popular às
emergentes culturas urbanas; irreverente, porque focada na juventude enquanto
sector-âncora de afirmação de uma política cultural; intervencionista, porque,
mais do que realizar eventos e/ou programas, há que estruturar a Cultura como
um eixo de desenvolvimento estratégico.
Braga
tem potencialidades e estruturas para o fazer. Tem dimensão, tem qualificação e
tem estruturas. A afirmação de terceira cidade do país deixou já de ser um
“slogan” para passar a ser uma realidade. Por outro lado, temos cada vez mais
quadros qualificados fruto do grande desenvolvimento do ensino superior nos
últimos anos. Temos ainda estruturas como o Theatro Circo, ou produtos já
consolidados como a Feira do Livro. Temos muito mais, como é óbvio, pelo que é
possível crescer desde que ancorados num projecto ambicioso e inovador.
A
riqueza da tradição popular merece e exige um serviço permanente de estudo,
divulgação e apoio aos agentes da área etnográfica e popular. Há que
institucionalizar um roteiro cultural que faça de Braga uma referência da
região e um local de passagem obrigatória de grandes eventos em áreas
culturais, como a música, o teatro ou outras que se vierem a revelar como
estruturantes para o desenvolvimento de Braga.
As
grandes realizações assumem nesta linha de acção um papel de grande
importância, porque mobilizadoras das populações e porque geradores de
desenvolvimento, incluindo o económico. «A Cultura deve, assim, contribuir para
a consolidação da identidade de Braga, enquanto polo aglutinador de sinergias e
centralidade de uma região apta a participar no concerto local, nacional e
internacional, com a marca da sua diferença e a qualidade da sua expressão
cultural» (in Moção, pág. 10).
A
Cultura é também um «campo propício para a realização do ideal da liberdade e
do desenvolvimento humano e social». Isso implica participação e diferenciação.
Participação na definição ena construção de áreas de intervenção cultural que
acolham a diversidade, a pluralidade e a autonomia. Diferenciação porque «na
esfera deste sistema amplo e aberto, e complementar, todo o munícipes e pode
incluir e implicar com a sua experiência e sensibilidade, seja no plano mais
popular ou tradicional, seja no plano mais erudito ou experimental».
Há
que fixar na cidade projectos culturais de referência que se possam constituir
em pólos de desenvolvimento. A ideia da criação de um Estaleiro Cultural parece
ser uma boa ideia, desde que isenta de paternalismos ou preconceitos. Entregar
a sua gestão e programação aos jovens pode ser outra boa ideia. O problema,
portanto, não está propriamente nas ideias, mas na possibilidade de as levar à
prática. Ora, isso só se poderá saber ou não se a Candidatura de António Braga
se afirmar vencedora, como acredito, no interior do Partido Socialista
bracarense. Temos lançado ideias. Gostaríamos de as debater. Iremos fazê-lo
brevemente, estou convencido.
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