Por Carlos Ferreira (*)
A última candidatura a ser apresentada à liderança do PS/Braga surge liderada, "ex-aequo", por Vítor de Sousa e Hugo Pires, sublinhando este último que, embora havendo algo que os separa, há muito que os une.A afirmação deixa subentender que, para lá de todas as insanáveis diferenças entre ambos, juntos pensam somar o voto de todos os militantes que hipoteticamente têm estes camaradas como referência.
Recordo que, nos meios afectos ao PS, era uma certeza que os dois vereadores liderariam cada um a sua lista à Comissão Política Concelhia, facto dado por adquirido que, pelos vistos, por razões diversas, não se concretiza.
Ambos se estão a esquecer que, em política, 2+2 não são necessariamente 4!
Como está mais do que demonstrado, em política 2 + 2 pode resultar 1 ou menos que 1, ou seja, a derrota.
Os socialistas têm, aliás, um exemplo recente que demonstra isso mesmo. Nas últimas eleições presidenciais, Manuel Alegre e os seus conselheiros partiam do pressuposto de que o declarado apoio do PS e do BE, associado ao do seu próprio eleitorado,
lhe garantia a chegada à segunda volta e uma possível vitória…
Ora, Alegre ficou por uns escassos 19%, um resultado muito abaixo da soma dos dois partidos e muito aquém dos votos e da percentagem conquistados quando se apresentou sozinho em eleições anteriores.
Isto porque o eleitorado do PS e do BE não é miscível entre si, antes pelo contrário se repudia.
Foi o que aconteceu com algum eleitorado que na primeira candidatura de Manuel Alegre votou nele por se apresentar fora dos partidos políticos e que da segunda vez se afastou, por este se ter apresentado com o apoio de dois partidos políticos.
Estamos convencidos que esta mesma circunstância vai acontecer a esta candidatura de dois rostos, cujos líderes reclamam apoiantes próprios no interior do partido.
É sintomático, aliás, que ambos tenham já insinuado em tempo a corporização de candidaturas alternativas, com projectos e objectivos antagónicos.
Se, por hipótese académica, a lista recentemente apresentada tivesse a
possibilidade de liderar a escolha do candidato do PS à Presidência da Câmara Municipal de Braga, gerar-se-ia no seu seio uma luta fratricida, o que resultaria sempre num candidato fragilizado e num partido dividido sem grandes hipóteses nas Autárquicas de 2013.
Como consta nos meios ditos socialistas, a lista liderada por Vítor de Sousa à Comissão política Concelhgia do PS/Braga será composta por 40% de elementos indicados por si, 40% de elementos indicados por Hugo Pires, sendo os restantes 20% cooptados pelos 80% já indicados.
Esta nova fórmula de conciliar a tentativa de conquistar o poder, se tal se concretizasse, tornaria os equilíbrios muito instáveis e ineficazes, levando a que os apoiantes, quer de uma, quer de outra candidatura, estivessem mais preocupados em vigiar os seus parceiros de lista e a aproveitar a primeira oportunidade para evidenciar o seu líder como o escolhido para candidato à Presidência da Câmara do que propriamente em construir um programa e um projecto válidos e vencedores para a Câmara Municipal de Braga.
É do conhecimento público que o habitual candidato do PSD, o mesmo que perdeu já duas tentativas, deverá ser confirmado pela unanimidade da sua estrutura concelhia como candidato da coligação do PSD com o CDS/PP e com o PPM.
Ora, à falta de outros trunfos, que já demonstrou não possuir, o candidato da direita deve estar mortinho que o PS não se apresente seguro e peremptório na escolha do seu candidato a Presidente da Câmara Municipal, isto aquando da eleição da CPC. Tirará então partido da confusão e da indecisão socialista… Isto, claro, se não estiveres então perante uma vitória clara da lista apresentada por António Braga.
(*) Artigo de Opinião publicada na última página do Diário do Minho de 4 de Abril de 2012.
Sem comentários:
Enviar um comentário