Por
António Sousa Fernandes
A
sucessão do camarada Mesquita Machado na Câmara Municipal de Braga não deixa de
colocar um enorme desafio aos dois candidatos que se perfilam para esse cargo.
De facto, eles deparam-se com um aparente dilema cuja alternativa não é de
fácil escolha. Ela situa-se entre a tentação da continuidade e a tentação da ruptura.
A
propósito da tentação da continuidade à sombra de figuras eminentes, é bom
recordar o comentário de Karl Marx sobre a figura de Luís Bonaparte, que quis
imitar o seu famoso tio Napoleão. Apenas conseguiu ser uma repetição em farsa,
ou seja uma caricatura, de uma forte personalidade que marcou indelevelmente o
princípio desse século. Salvas as devidas proporções, é o que se passa
actualmente com a candidatura alternativa à do Dr. António Braga.
A
fácil tentação de imitar o caminho prosseguido pelo Eng. Mesquita Machado não
pode deixar de dar como resultado uma caricatura de mais que duvidoso sucesso a
curto prazo e de um seguro fracasso a médio prazo. Isso por razões que
facilmente se depreendem. Nem o perfil do candidato se pode medir com a
marcante personalidade que dirigiu durante três décadas os destinos do
município, nem os projectos que ela desenvolveu em tempos de construção de um
concelho estigmatizado por carências básicas em infraestruturas, equipamentos e
serviços à população se podem transportar para os tempos emergentes de uma
população urbanizada, instruída e desejosa de perspectivas inovadoras que
projectem a cidade e o concelho para o futuro.
Como
essa candidatura dá mostras de não ser capaz de indicar e propor estes novos
caminhos, nem dispõe de uma personalidade cujo perfil se possa equiparar ao do
presidente actual, sob a aparência de uma continuidade, de facto, ela estabelece
uma ruptura com o espírito inovador e pioneiro que marcou essa presidência.
A
candidatura do Dr. António Braga apresenta vários indicadores de renovação em
termos de personalidade e de projecto. Em termos de personalidade, o Dr.
António Braga, para além da sua ligação umbilical a Braga, onde nasceu e
iniciou a sua vida profissional e política, soube articular de uma forma
inteligente e interventiva as suas ligações locais com os papéis que foi
chamado a desempenhar a nível nacional e internacional, como deputado e membro
do Governo.
Isso
deu-lhe um olhar que rompeu com as visões provincianas dos horizontes locais
para propor uma integração da cidade no contexto nacional e europeu. Esta
perspectiva é suportada num projecto cujas linhas programáticas foram já
divulgadas e onde a abrangência dos assuntos revela a descoberta de novas
visões sobre a cidade e o concelho, a proposta de novos projectos que importa
iniciar e o desenvolvimento de novas formas de participação e vida cívica que
marquem a diferença numa cidade moderna, dinâmica e voltada para o futuro.
Aparentemente,
poderíamos pensar que estamos perante uma ruptura de personalidades e de
projectos. Mas será exactamente isso o que está presente nesta candidatura? Na
realidade, a candidatura do Dr. António Braga é a que, no essencial, maior
continuidade apresenta à personalidade e ao projecto da presidência do Eng.
Mesquita Machado, não porque seja uma cópia ou caricatura da pessoa e do projecto,
mas porque revela a continuidade de uma característica comum a estas duas personalidades
e projectos: a procura de resposta adequada às necessidades e aspirações
colectivas e a presença de uma liderança transformadora capaz de as levar a
cabo.
É
caso para dizer que a alternância é a melhor forma de dar continuidade ao
projecto iniciado pelo Eng. Mesquita Machado e o Dr. António Braga a pessoa
mais bem posicionada para o fazer.
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