Por Elísio Maia Araújo
Conheci uma pessoa que me costumava dizer: “mais vale estar calado e passar por ignorante, do que abrir a boca e dissipar todas as dúvidas”. É um bocado isto que se passa neste momento numa certa eleição perto de nós. Há duas candidaturas, uma clara e definida e outra que mais parece um dia de nevoeiro.
A primeira candidatura, de António Braga, constante e repetidamente convidou a segunda para um debate eleitoral em que cada parte pudesse esclarecer as suas propostas e, assim, permitir uma decisão muito mais informada aos seus eleitores. Que é, aliás, como funcionam as eleições civilizadas em países civilizados.
Ora, a recusa da segunda candidatura em aceitar os diversos convites para debater (em todos os formatos possíveis e imaginários) recorda-me a citação com que iniciei este texto. Vítor Sousa sabe que lhe fica mal não debater. Vítor Sousa sabe que toda a gente sabe que lhe fica muito mal não debater. Mas, mesmo assim, essa é a escolha dele.
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E nem se pode dizer que a pressão estivesse do lado dele. António Braga tem mais experiência em debates, discursos em público e contraditório de ideias no seu dedo mindinho que Vitor Sousa no corpo inteiro. Uma derrota estrondosa nesse debate seria aceite pelos seus apoiantes e até por indecisos. Este debate seria o equivalente político a um Real Madrid – Carcavelinhos, menos que 15-0 para o Real seria uma vergonha e ninguém exigiria a cabeça do treinador do Carcavelinhos. Pelo contrário, o risco estaria todo do lado do Real Madrid, que só teria a perder. Se ganhasse, seria o expectável, se não ganhasse seria uma vergonha. Ora, apesar de a obrigação de ganhar estar do seu lado e de pouco ter a mostrar no debate, António Braga é o primeiro (e único) a mostrar-se disponível para o mesmo.
Deixo o Leitor com um último exercício. Imagine o pior resultado possível num debate para a candidatura de Vítor Sousa. Já está? Pois… Vítor Sousa acha que ainda seria pior que isso…
(*) Artigo de opinião publicado na edição de hoje do "Diário do Minho" pelo militante do PS/Braga e director da Biblioteca Pública de Braga, Elísio de Araújo.
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