sábado, 11 de agosto de 2012

PS/BRAGA NÃO PODE DESPERDIÇAR
CANDIDATURA DE ANTÓNIO BRAGA



Por Lígia Portovedo (*)
                  
O Partido Socialista de Braga continua, nesta data, sem candidato às Autárquicas de 2013. Como foi possível chegar a esta situação? Isto, quando se fala há bastante tempo de, pelo menos, quatro possíveis candidatos?
Recordem-se os factos.
Em Outubro de 2011, António Braga assumiu a disponibilidade para se candidatar à presidência do Município e solicitou o apoio do partido. Logo invocaram alguns um alegado desconforto pela transparência desta posição, argumentando mesmo que era cedo para o partido tomar tais decisões e que se deveria aguardar pela eleição da nova Comissão Política, essa sim com legitimidade para o fazer.
Aceitando as regras, António Braga dedicou-se a trabalhar na sua candidatura e numa proposta de novo rumo para o PS/Braga e para o concelho. Primeiro numa carta de princípios, posteriormente numa moção de candidatura, enunciou propostas para resolver os principais problemas que hoje enfrentamos, como o desemprego, o decréscimo da actividade económica ou o cumprimento de novos direitos dos cidadãos, em especial dos idosos, como o direito a não estar só.
Rodeou-se António Braga de um grupo de militantes imbuído de um espírito republicano de servir a causa pública e, semana após semana, foi discutindo e anotando ideias e linhas de orientação que pudessem fazer do nosso concelho um exemplo na qualidade-de-vida e na criação de riqueza com distribuição equilibrada, assim cumprindo os termos ideológicos do Partido Socialista.
Para o PS/Braga, propôs a discussão frequente de temas relevantes para a sociedade portuguesa e para a cidade, envolvendo todos os militantes e promovendo o debate contínuo junto dos restantes cidadãos para uma reflexão conjunta.
Convém lembrar que alguns dos militantes que se foram juntando a António Braga estavam há largos anos arredados da actividade partidária, desencantados com a participação política tal como muitos outros portugueses. Reconhecendo o espírito do grupo, foram passando a palavra e entusiasmaram-se com o trabalho de produzir uma moção que propunha o direito a uma vida com qualidade para todos os cidadãos, baseada numa disponibilidade desinteressada, onde cada um contribui para o bem-comum com as competências que desenvolveu na sua vida privada, profissional e académica. Trata-se, portanto, de privilegiar as qualidades do cidadão e do profissional, em vez das qualidades do político de carreira, desenvolvidas, muitas vezes, num ambiente pouco saudável de intriga palaciana onde se esquece o que deve ser verdadeiramente importante: o governo competente da nossa sociedade.
Foi este enquadramento ideológico e esta forma de viver a política que permitiu trazer ao trabalho, no grupo de António Braga, vários militantes então desmobilizados, desagradados com a política e também com o Partido Socialista em Braga, fruto de alguns anos de diminuta participação cívica e pouca discussão interna em torno dos reais problemas do concelho e das suas possíveis soluções.
Entretanto, foram nascendo no PS/Braga outras duas possíveis candidaturas, lideradas por Vítor Sousa e por Hugo Pires. E há quem diga que uma outra, com liderança não definida. Confrontados com a crescente adesão à Candidatura de António Braga, todas as outras se coligaram, apresentando uma única candidatura à Comissão Política da Secção de Braga.
Conseguida a vitória, Vítor Sousa – que durante a campanha chegou a declarar por mais do que uma vez que seria ele o próximo candidato socialista à Câmara Municipal – vacila, actualmente, talvez perante a evidência de que as outras duas facções também têm aspirações à liderança da candidatura, tendo que dividir os seus 72% por três, o que pode tornar os 28% de António Braga na maior, digamos facção, de todas.
Ultrapassadas eventuais objecções de outra natureza, como desejo, Vítor Sousa, tendo sido o cabeça-de-lista, está, pois, legitimado para ser o candidato do PS à Câmara de Braga. Em 2 de Junho passado, o boletim eleitoral não contemplava escolha múltipla, pelo que mais ninguém está objectivamente ratificado para assumir tal representação colectiva.
Se Vítor Sousa não for o candidato do PS, é sinal de que os 72% que obteve resultaram de um casamento de conveniência, que não tem tradução real e, nesse caso, o candidato preferido por mais de um quarto dos militantes, António Braga, é uma opção que tem que ser tida em conta. Entre outras, se as houver. A bem do PS/Braga e a bem da cidade.
Posso ser suspeita, por ser sua apoiante, mas estamos, como é quase unanimemente aceite, perante um dos melhores quadros do Partido Socialista, eventualmente aquele que pode levar o partido a revalidar o exercício da governação na Câmara Municipal de Braga.
A democracia tem de ser o princípio básico dos partidos. Que dela devem fazer prova contínua. Bem além de qualquer argumento circunstancial.

(*) Artigo de opinião publicado na edição de 10 de Agosto do "Diário do Minho".