quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

«O PS/BRAGA NÃO SE ESGOTA
NA SUA ACÇÃO AUTÁRQUICA»

-- sublinha António Braga, ao seu Jornal de Candidatura
  
Obedece à ideia de “Aprofundar o Desenvolvimento do Concelho, Fazer Crescer o Legado”. É um manifesto de sete princípios basilares da candidatura de António Braga. O candidato releva, nesta circunstância, a vontade de reforçar a democracia interna no PS/Braga e a criação de um fórum de "cidadania activa”, «que cative os militantes, simpatizantes e votantes do PS para a discussão dos assuntos de interesse local, nacional ou europeu». António Braga lembra ainda que a acumulação de funções executivas no Município e no partido se revelou, ao longo dos últimos anos, prejudicial para a afirmação de um partido dinâmico e interventivo. Por isso, diz que «é decisivo articular mais e melhor a acção dos eleitos com a definição de políticas internas, sem esquecer a abertura à sociedade». «Queremos um PS com representantes activos e interventivos nas assembleias municipais e nas assembleias de freguesias, que sejam permanentemente os portadores das ambições dos cidadãos  e  das  instituições  mais representativas da comunidade», enfatiza.
-- A sua “campanha”, se assim se pode falar, começou pela apresentação de um manifesto com sete princípios, que são por si considerados basilares ou fundamentais. De que fala?
-- O “Manifesto ao PS Concelhio” é uma proposta que enquadra os princípios-base do nosso projecto, projecto que se consubstancia na candidatura à Comissão Política da Secção e consequente candidatura à presidência da Câmara Municipal de Braga. Sob o título “Aprofundar o desenvolvimento do concelho, Fazer crescer o legado”, é um documento que resulta do nosso pensamento político e dos contributos de todos os militantes e simpatizantes que se predispuseram a colaborar. Aí se começa por lembrar o contexto em que vão ocorrer as próximas eleições no concelho de Braga, um contexto singular na história do poder democrático pós-'25 de Abril'. Pela primeira vez, em mais de 30 anos, o PS está impossibilitado de recandidatar à presidência do Município um candidato que sempre se apresentou vencedor e que teve um papel determinante no crescimento e na modernização do concelho, o que lhe permitiu catapultar a sua sede para uma das três mais importantes metrópoles do país. Retenho uma afirmação muito concreta que aí é feita: «é crucial que o PS seja capaz de transformar em oportunidades o que se apresenta à partida como um conjunto de dificuldades, para se reforçar e afirmar como o partido que combate por uma sociedade mais solidária, mais fraterna, mais igualitária, coesa e justa, que faz da pluralidade  das  ideias  e  das  opiniões  a  sua  marca característica,  não    do  seu  funcionamento  e  da  sua  acção  como  partido,  como  também  do  projecto  que  propõe  para  a  organização  política  e  social do concelho e do país».
-- Certo, esse é o enquadramento. Mas que princípios são esses que propõe como referência?
-- Concretamente, os dois primeiros remetem particularmente para a vida interna do partido. Para o funcionamento da Secção de Braga. Propomos desde logo o reforço da democracia interna do partido como condição necessária para uma maior e melhor comunicação da sua mensagem, tornando-o um espaço de intervenção e participação de todos os militantes e simpatizantes. Acreditamos que só com o envolvimento activo e cívico destes será possível construir um partido forte, grande e renovado! Tal como aí se diz, o Partido Socialista constitui um campo indispensável de participação e de definição de políticas para o concelho, para o país e para a Europa. Para tal, tem de se assumir como um centro nevrálgico de discussão e maturação de novas ideias e soluções para os desafios que se colocam em cada momento à sociedade. Outra afirmação que considero particularmente relevante é a de que o partido não se esgota na sua acção autárquica, tem uma dimensão mais abrangente, regional, nacional e europeia, que exige de todos participação e discussão contínua. Defendemos, então, para uma maior integração e participação dos militantes e simpatizantes, a criação de centros de intervenção temáticos permanentes, que se constituam como um "think tank" mobilizador, sem esquecer o papel importante que as novas tecnologias podem trazer. Pugnaremos pela criação de um verdadeiro fórum de "cidadania activa”, que cative os militantes, simpatizantes e votantes do PS na discussão dos assuntos de interesse local, nacional ou europeu.
-- Disse que os dois primeiros estavam voltados para o partido. Já aqui deixou uma série de ideias… E o segundo, o que propõe?
-- O segundo princípio tem por base a afirmação do partido como instituição autónoma em relação aos órgãos públicos. Neste domínio, há que proceder a uma reflexão sobre a forma de articulação entre as instituições. Se cabe ao partido o envolvimento dos seus quase quatro milhares de militantes, ao Município compete-lhe corresponder aos anseios dos seus cerca de 200 mil cidadãos. A experiência adquirida na gestão do Município de Braga ao longo das últimas três décadas revelou que a gestão municipal é um trabalho absorvente e muito exigente em dedicação pessoal e em tempo. Por isso, a acumulação de funções executivas no Município e no partido revelou-se, ao longo dos últimos anos, prejudicial para a afirmação de um partido dinâmico e interventivo. Um partido da esquerda democrática, de bases, deve estar aberto e receptivo a contribuições e ao envolvimento que ultrapasse o restrito grupo de actores políticos em cargos. O partido deve ter um papel determinante na acção autárquica, na Câmara Municipal, na Assembleia Municipal e nas freguesias. É decisivo articular mais e melhor a acção dos seus eleitos com a definição de políticas internas, sem esquecer a abertura à sociedade. Queremos um PS com representantes  activos  e  interventivos  nas  assembleias municipais e nas assembleias de freguesias, que sejam  permanentemente  os  portadores  das  ambições  dos  cidadãos  e  das  instituições  mais representativas da comunidade.
-- Sei que fala nesse manifesto de uma aposta no capital humano do concelho… Em que termos o faz?
− Precisamente no nosso terceiro princípio, que remete para um aprofundamento da relação dos munícipes com a qualificação, associada a um poder local democrático, moderno e capaz. Queremos uma cidade de mulheres e de homens que usufruam mais do território em solidariedade social. Preconizamos, por isso, ouvir, com regularidade, os cidadãos e as suas ideias para a cidade/concelho no quadro de uma gestão municipal responsável. Renovaremos, conforme disse, a aposta no capital humano do concelho, dos mais aos menos jovens, integrando todos no esforço de construção de uma nova Cidade. Queremos construir uma cidade verdadeiramente educadora nas suas multidimensões, que, mediante o conhecimento, interligue segurança, saúde,  educação,  cultura,  emprego,  urbanismo,  desporto, ambiente,  turismo  e  lazer.
-- As questões que remetem para a atracção de investimentos ganham particular acutilância nos dias que correm e nos que vêm aí. Pressuponho que essa é uma das áreas que vos mereceu reflexão?
− De outra forma não poderia deixar de ser. Reconhecemos a importância de Braga se confirmar como lugar de uma nova centralidade, assente no dinamismo das suas gentes e instituições e na interligação entre o conhecimento, a cultura e o empreendorismo. O Município tem de saber unir e articular as forças mais criativas da região, sem descurar o apoio aos sectores tradicionais do comércio, indústria e turismo. A marca “Braga” tem de se afirmar pela diferenciação cultural e pela aposta no conhecimento. Um concelho reconhecido pela sua riqueza em capital humano é capaz de fixar sectores económicos geradores de emprego qualificado, assente em tecnologias de ponta e em indústrias limpas. Mas um concelho que aproveita melhor os seus recursos no comércio, na indústria, no turismo e na agricultura sustentável estará, com certeza, melhor preparado para responder com eficácia aos desafios da competitividade e do crescimento económico na sociedade global dos dias de hoje.
-- “Braga, Capital Europeia da Juventude” implica, desde logo, uma atenção muito particular a esta população. Tem ideias sobre esta área de intervenção municipal?
− Somos os primeiros a enfatizar o papel inovador dos jovens na construção da marca “Braga”… A complexidade da crise económica e social que atravessa a Europa só pode ser ultrapassada com a participação activa e criadora de todos, sendo contudo decisiva a participação dos mais jovens, dada a sua reconhecida qualificação, energia  e  possibilidades  de  ruptura  face  ao  que  está  estabelecido.  A  aposta  nos  jovens  é  a  aposta  no futuro, numa nova mentalidade e numa maior energia, a partir das quais se poderão abrir novos caminhos de desenvolvimento. Sublinhamos o papel da juventude, reconhecendo que é desejável a autonomia de uma política centrada nos seus problemas, ambições e necessidades. Consideramos fundamental interligar o sistema educativo com políticas de mobilização para o emprego e para o empreendorismo jovem.
-- Foi Vereador da Cultura na Câmara Municipal de Braga. Estamos perante um das áreas que lhe são mais queridas. Que ideias já desenvolveu neste âmbito?
− Elegemos, de facto, a Cultura como linha de acção estratégica, enquanto “cluster” de dinamização da comunidade e de empreendedorismo. Consideramos que o desenvolvimento sem cultura é apenas crescimento. Daí que uma política de desenvolvimento deva ser também uma política cultural, com agenda e meios próprios. A nova Cidade ou é Cultura ou não é Cidade. Há, por consequência,  que  aprofundar  a  articulação  de  empreendorismo  e Cultura com a Economia, gerando novas formas de serviços que  potencializem as novas qualificações abertas pela sociedade do conhecimento.
-- Falta, se não me engano, um outro princípio. É isso, não é?
− Sim. Abordamos ainda a questão da coesão social, sem o qual não pode haver desenvolvimento sustentável. A tradição humanista e de esquerda democrática do PS exige a participação de todos os cidadãos na vida da Cidade, a qual só é possível se houver preocupação social relativamente aos mais desfavorecidos. A coesão social assume nos dias de hoje uma importância incontornável, dados os efeitos perniciosos da crise na vida de muitos e muitos cidadãos. Querer uma sociedade desenvolvida é defender uma sociedade mais solidária, mais fraterna e mais igualitária. Continuaremos, neste contexto, em conjunto com as instituições de solidariedade social, a aprofundar e inovar formas de participação que dêem resposta aos problemas sociais que atravessam a sociedade e para os quais há que encontrar, com urgência, respostas integradoras.

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