quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

PS/BRAGA: DA BICEFALIA...
...A UMA «CANDIDATURA MACROCÉFALA»!!!

Por António Sousa Fernandes
Na disputa às eleições internas do Partido Socialista bracarense, António Braga, que espero venha a ser confirmado como seu líder, foi o primeiro a manifestar disponibilidade para ser candidato à presidência da Câmara Municipal de Braga e, como tal, a anunciar sua candidatura à Comissão Política Concelhia do PS.
Em entrevista a RUM/Diário do Minho agora publicada por este último órgão, o titular da outra Candidatura surge a manifestar-se também putativo candidato à Câmara Municipal.
E ao ouvir tal anúncio só podemos lembrar o que nos ficou bem marcado na retina aquando da apresentação desta candidatura, provavelmente por acharmos que se tratava de algo “contra natura”: a imagem do Arq.º Hugo Pires abraçado pelo seu cabeça-de-lista…
Ora, porque Hugo Pires sempre se fez divulgar como um potencial candidato à presidência da Câmara Municipal de Braga, enquanto não se pronunciar publicamente sobre o assunto, teremos que continuar a pensar que, afinal, a segunda lista a ser anunciada na corrida à Concelhia ainda não sabe quem será o seu candidato à presidência da Câmara Municipal de Braga.
O anúncio agora feito por Vítor Sousa apresenta-se, entretanto, acompanhado por curiosas condições, algumas pouco democráticas...
Neste jogo do “se” e “só se”, Sousa exige uma «vitória expressiva» na Comissão Política Concelhia, assumindo que, se tiver uma vitória curta, se propõe fazer uma eleição directa da liderança a partir de todos os militantes.
Tal facto, se viesse a acontecer, transformar-se-ia num plebiscito à sua pessoa, até porque sublinha logo de seguida que, nesse caso, António Braga seria carta fora do baralho e o outro potencial candidato, o Arq.º Hugo Pires, segundo líder da sua lista, não tem ainda condições para se candidatar, porque tem ainda que adquirir um conjunto de conhecimentos e experiências, tal como o próprio fez ao longo da sua vida autárquica (!).
Vítor Sousa avisa que foi ao encontro do Arq.º Hugo Pires para o convencer a integrar a sua lista, o que fez em nome de um conjunto de situações delicadas que foram assumidas no interior do Executivo camarário. Ahhhh, lembra Sousa que o que esteve então em cima da mesa foi um anterior acordo do Arq.º Hugo Pires com a Candidatura que hoje é liderada por António Braga.
Na nossa opinião, esta atitude do Sr. Vítor Sousa para com o Arq.º Hugo Pires não parece nada curial, tange mesmo a arrogância. É sabido que o jovem vereador lidera pelouros importantes há cerca de dois anos e está fortemente implicado na organização da Capital Europeia da Juventude, a que acresce o facto de, ao longo dos últimos anos, ter sempre demonstrado capacidade de aprendizagem e, inclusive, apresentado respostas positivas aos desafios que lhe colocaram.
É também curioso constatar o estilo de comunicação do actual secretário-coordenador do PS/Braga, quer na entrevista agora publicada, quer em outras declarações recentes, como seja o caso do anunciado futuro das piscinas olímpicas do Parque Norte e do hipotético Centro de Congressos da Quinta dos Peões… Tudo isto sem Mesquita Machado se pronunciar publicamente, como é seu timbre, aliás.
Convém lembrar que, quer as piscinas olímpicas do Parque Norte, quer o já existente centro de exposições e congressos de Braga (PEB), localizado nas imediações do Parque da Ponte e do Monte Picoto, espaços agora algo de renovação e reabilitação urbanística, foram obras pensadas e lançadas pelo Presidente da Câmara de Braga numa decisão de grande visão sobre o futuro da cidade.
É sabido que o PEB precisa hoje de algumas intervenções. No entanto, atendendo à crise que vivemos, não será rigoroso deitar fora um equipamento daquela dimensão, que, olhando a altura em que foi pensado e construído, representa ainda hoje um arrojo de coragem e capacidade de decisão de Mesquita Machado.
O actual secretário da secção do PS/Braga assenta a sua candidatura a presidente da Comissão Política Concelhia no discurso de que a sua atitude é voltada para dentro do partido, acusando António Braga de corporizar uma candidatura demasiado virada para a sociedade bracarense.
Esta posição de Vítor Sousa está hoje ultrapassada em Portugal, como já foi abandonada há muito nos países verdadeiramente democráticos, entrando em contradição com o facto de se afirmar como um projecto que deseja abrir o partido à sociedade.
Como é fácil verificar, o propósito deste candidato é abrir o partido (como se algum dia o chegasse a fazer!!!) apenas depois de estar escolhido o candidato à Câmara Municipal.
Ora, a sociedade em geral tem hoje o direito de saber como essas decisões são tomadas internamente pelos partidos. Ainda bem recentemente foi possível assistir a esta abertura, nesse mesmo partido, quando os candidatos Francisco Assis e António José Seguro, à semelhança dos seus antecessores, debateram publicamente nas televisões e noutros espaços os seus projectos para a liderança do partido. Só com esta abertura é que os candidatos se prestigiam e os partidos se credibilizam.
Ao contrário do que diz Sousa, a interacção dos partidos com a sociedade não pode ser uma mera proclamação. Tem de ser uma constante para reforço da cidadania e rejuvenescimento da democracia.

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