quinta-feira, 26 de abril de 2012

A CULTURA
como meio de desenvolvimento
pessoal, social e económico

Por Vasco Grilo (*)

Pensar a Cultura como um eixo de intervenção política ao nível autárquico é um imperativo para a afirmação de Braga como cidade-centro, ou seja, Braga como lugar de desenvolvimento e referência da grande região de que tem sido justamente um símbolo maior.
A Cultura, contudo, não é só acção estratégica ou meio de desenvolvimento; é também fruição, educação, expressão, arte, literatura, música, tradições, movimentos, correntes, teatro, folclore, jornais, círculos, entre outras formas de ser.

A moção “Aprofundar o desenvolvimento, fazer crescer o legado”, base programática da Candidatura liderada por António Braga à Concelhia do PS/Braga, fixa bem esta concepção de Cultura eclética, irreverente e intervencionista.

Eclética, porque aberta a múltiplas formas de expressão, desde a mais popular às emergentes culturas urbanas; irreverente, porque focada na juventude enquanto sector-âncora de afirmação de uma política cultural; intervencionista, porque, mais do que realizar eventos e/ou programas, há que estruturar a Cultura como um eixo de desenvolvimento estratégico.

Braga tem potencialidades e estruturas para o fazer. Tem dimensão, tem qualificação e tem estruturas. A afirmação de terceira cidade do país deixou já de ser um “slogan” para passar a ser uma realidade. Por outro lado, temos cada vez mais quadros qualificados fruto do grande desenvolvimento do ensino superior nos últimos anos. Temos ainda estruturas como o Theatro Circo, ou produtos já consolidados como a Feira do Livro. Temos muito mais, como é óbvio, pelo que é possível crescer desde que ancorados num projecto ambicioso e inovador.

A riqueza da tradição popular merece e exige um serviço permanente de estudo, divulgação e apoio aos agentes da área etnográfica e popular. Há que institucionalizar um roteiro cultural que faça de Braga uma referência da região e um local de passagem obrigatória de grandes eventos em áreas culturais, como a música, o teatro ou outras que se vierem a revelar como estruturantes para o desenvolvimento de Braga.
As grandes realizações assumem nesta linha de acção um papel de grande importância, porque mobilizadoras das populações e porque geradores de desenvolvimento, incluindo o económico. «A Cultura deve, assim, contribuir para a consolidação da identidade de Braga, enquanto polo aglutinador de sinergias e centralidade de uma região apta a participar no concerto local, nacional e internacional, com a marca da sua diferença e a qualidade da sua expressão cultural» (in Moção, pág. 10).

A Cultura é também um «campo propício para a realização do ideal da liberdade e do desenvolvimento humano e social». Isso implica participação e diferenciação. Participação na definição ena construção de áreas de intervenção cultural que acolham a diversidade, a pluralidade e a autonomia. Diferenciação porque «na esfera deste sistema amplo e aberto, e complementar, todo o munícipes e pode incluir e implicar com a sua experiência e sensibilidade, seja no plano mais popular ou tradicional, seja no plano mais erudito ou experimental».

Há que fixar na cidade projectos culturais de referência que se possam constituir em pólos de desenvolvimento. A ideia da criação de um Estaleiro Cultural parece ser uma boa ideia, desde que isenta de paternalismos ou preconceitos. Entregar a sua gestão e programação aos jovens pode ser outra boa ideia. O problema, portanto, não está propriamente nas ideias, mas na possibilidade de as levar à prática. Ora, isso só se poderá saber ou não se a Candidatura de António Braga se afirmar vencedora, como acredito, no interior do Partido Socialista bracarense. Temos lançado ideias. Gostaríamos de as debater. Iremos fazê-lo brevemente, estou convencido.

(*) Texto de opinião publicado no "Diário do Minho" em 27 de Abril de 2012

Sem comentários:

Enviar um comentário