sábado, 28 de abril de 2012

MOÇÃO DE ESTRATÉGIA
OU UM "PLANO DE ACTIVIDADES"?!!!


Por Armando Leite (*)


A apresentação da moção da candidatura de Vítor Sousa e Hugo Pires à presidência do PS/Braga ocorre numa data simbólica e mítica para todos nós, o 25 de Abril. Mas ao contrário dessa data, falta-lhe sonho e utopia.

A moção em referência nada traz de novo ao debate político concelhio da família socialista e muito menos aponta qualquer estratégia sustentada por uma visão de futuro, que aponte as grandes linhas da política concelhia nas áreas fundamentais de actuação do município.

Seria um importante contributo que um documento desta natureza se debruçasse sobre as grandes áreas de actuação política futura e explicitasse claramente o que a candidatura que a suporta pensa da realidade política actual do concelho de Braga, o que se propõe fazer com o legado político e autárquico do Presidente Mesquita Machado, e finalmente, qual a sua visão sobre as principais áreas de intervenção municipal.

É que é muito importante que uma candidatura à Comissão Política Concelhia do PS se apresente com uma moção de conteúdo marcadamente político, e não com um documento que mais se assemelha a um plano de actividades municipal, de fraco cunho político-ideológico.

Independentemente da designação, que nos parece inadequada, a moção “Honrar o Presente, Preparar o Futuro” é um documento que na sua substância não resiste a um tique modernista e desviante de influência tecnocrática, como se a ausência de política e o alinhavar de alíneas e mais alíneas de promessas de realizações pudesse caucionar uma diferenciação política programática e consistentemente ideológica que identificasse a matriz socialista da mesma.

Lemos e relemos o texto e a sensação que nos fica, infelizmente, é que o mesmo poderia ter outra capa, poderia perfeitamente ter outra origem ou proveniência. Porque àquele documento, uma vez mais o repetimos, falta a marca política socialista distintiva, ou seja, ninguém o pode aceitar como um verdadeiro documento de orientação política estratégica.

Aliás, esta “moção” explicita as contradições entre o que agora se propõe e o que é a prática do seu candidato liderante, concretamente enquanto secretário-coordenador da concelhia do PS/Braga.

A Secção do PS/Braga tem estado nos últimos tempos enquistada, fechada em si própria, com total ausência de debate interno. Ora, tal comportamento de liderança em nada abona a favor das promessas que a “moção” agora apresenta para o futuro, caso venha a vencer as eleições para a concelhia bracarense.

Acresce o facto de contradizer expressamente toda o discurso até agora feito pelos líderes da candidatura em causa, concretamente a ideia de que, nas eleições de 2 de Junho apenas está em causa a escolha do líder da estrutura partidária socialista, nunca o seu candidato à Câmara Municipal.

Então, se de facto pensassem assim – e não fosse esse um truque escondido para enganar os militantes, fazendo-lhes crer que a escolha do candidato à Câmara Municipal será feita depois --, porque é que se limitaram a enunciar um conjunto de promessas para a actuação do Município, bem igual a um mero de actividades municipal?!!!

Quanto à abertura do partido à sociedade, ela é uma exigência de ética política a que apenas a candidatura do Dr. António Braga tem vindo a pôr em prática no âmbito deste processo eleitoral e que será uma vulgar realidade do quotidiano local se resultar vencedora a sua propositura.

Por isso é que a moção “Aprofundar o desenvolvimento, fazer crescer o legado”, já apresentada e amplamente distribuída; as sessões de debate abertas a militantes, simpatizantes e cidadãos em geral, com figuras políticas de referência do Partido Socialista; o contacto individual com os militantes; são processos distintivos muito importantes entre as duas candidaturas.

Por tudo o que atrás se escreveu, resulta claro para os cidadãos em geral e para os militantes e simpatizantes em particular, não é indiferente para o Partido Socialista de Braga e para os bracarenses a vitória de uma qualquer das candidaturas que agora se perfilam. A Candidatura de António Braga”, ao contrário da candidatura de Vítor Sousa e Hugo Pires, é uma candidatura aberta e inclusiva, de matriz verdadeiramente socialista, que não se furta ao diálogo e ao contraditório.

Aliás, por alguma razão é que ainda aguarda resposta ao desafio que lançou à candidatura de Vítor Sousa/Hugo Pires para a realização de debates e que até ao momento não recebeu qualquer resposta. Isto chegará, por elucidativo.

(*) Texto de opinião publicado no "Diário do Minho" de 28 de Abril.

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