terça-feira, 3 de abril de 2012

EM POLÍTICA, 2 + 2 NÃO SÃO 4!!!

Por Carlos Ferreira (*)


A última candidatura a ser apresentada à liderança do PS/Braga surge liderada, "ex-aequo", por Vítor de Sousa e Hugo Pires, sublinhando este último que, embora havendo algo que os separa, há muito que os une.

A afirmação deixa subentender que, para lá de todas as insanáveis diferenças entre ambos, juntos pensam somar o voto de todos os militantes que hipoteticamente têm estes camaradas como referência.

Recordo que, nos meios afectos ao PS, era uma certeza que os dois vereadores liderariam cada um a sua lista à Comissão Política Concelhia, facto dado por adquirido que, pelos vistos, por razões diversas, não se concretiza.

Ambos se estão a esquecer que, em política, 2+2 não são necessariamente 4!

Como está mais do que demonstrado, em política 2 + 2 pode resultar 1 ou menos que 1, ou seja, a derrota.

Os socialistas têm, aliás, um exemplo recente que demonstra isso mesmo. Nas últimas eleições presidenciais, Manuel Alegre e os seus conselheiros partiam do pressuposto de que o declarado apoio do PS e do BE, associado ao do seu próprio eleitorado,

lhe garantia a chegada à segunda volta e uma possível vitória…

Ora, Alegre ficou por uns escassos 19%, um resultado muito abaixo da soma dos dois partidos e muito aquém dos votos e da percentagem conquistados quando se apresentou sozinho em eleições anteriores.

Isto porque o eleitorado do PS e do BE não é miscível entre si, antes pelo contrário se repudia.

Foi o que aconteceu com algum eleitorado que na primeira candidatura de Manuel Alegre votou nele por se apresentar fora dos partidos políticos e que da segunda vez se afastou, por este se ter apresentado com o apoio de dois partidos políticos.

Estamos convencidos que esta mesma circunstância vai acontecer a esta candidatura de dois rostos, cujos líderes reclamam apoiantes próprios no interior do partido.

É sintomático, aliás, que ambos tenham já insinuado em tempo a corporização de candidaturas alternativas, com projectos e objectivos antagónicos.

Se, por hipótese académica, a lista recentemente apresentada tivesse a

possibilidade de liderar a escolha do candidato do PS à Presidência da Câmara Municipal de Braga, gerar-se-ia no seu seio uma luta fratricida, o que resultaria sempre num candidato fragilizado e num partido dividido sem grandes hipóteses nas Autárquicas de 2013.

Como consta nos meios ditos socialistas, a lista liderada por Vítor de Sousa à Comissão política Concelhgia do PS/Braga será composta por 40% de elementos indicados por si, 40% de elementos indicados por Hugo Pires, sendo os restantes 20% cooptados pelos 80% já indicados.

Esta nova fórmula de conciliar a tentativa de conquistar o poder, se tal se concretizasse, tornaria os equilíbrios muito instáveis e ineficazes, levando a que os apoiantes, quer de uma, quer de outra candidatura, estivessem mais preocupados em vigiar os seus parceiros de lista e a aproveitar a primeira oportunidade para evidenciar o seu líder como o escolhido para candidato à Presidência da Câmara do que propriamente em construir um programa e um projecto válidos e vencedores para a Câmara Municipal de Braga.

É do conhecimento público que o habitual candidato do PSD, o mesmo que perdeu já duas tentativas, deverá ser confirmado pela unanimidade da sua estrutura concelhia como candidato da coligação do PSD com o CDS/PP e com o PPM.

Ora, à falta de outros trunfos, que já demonstrou não possuir, o candidato da direita deve estar mortinho que o PS não se apresente seguro e peremptório na escolha do seu candidato a Presidente da Câmara Municipal, isto aquando da eleição da CPC. Tirará então partido da confusão e da indecisão socialista… Isto, claro, se não estiveres então perante uma vitória clara da lista apresentada por António Braga.

(*) Artigo de Opinião publicada na última página do Diário do Minho de 4 de Abril de 2012.

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