quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

ANTÓNIO BRAGA DEFENDE
ABERTURA DO PS À SOCIEDADE BRACARENSE

Texto de Joaquim Martins Fernandes e Alexandre Praça/RUM
Imagens de Avelino Lima

Depois de ter expresso, publicamente, a sua disponibilidade para suceder a Mesquita Machado, na corrida às Autárquicas de 2013, António Braga assume a necessidade de o partido avançar para um novo ciclo político. A via para a mudança que propõe passa pela entrega da liderança a novos protagonistas, pela abertura do partido à sociedade civil e pela rentabilização do legado de Mesquita Machado. A clarificação foi assumida numa entrevista conjunta ao “Diário do Minho” e à “Rádio Universitária do Minho”, em que o também candidato à Comissão Política Concelhia enfrentou as lutas internas e os acordos desfeitos, na disputa pelo poder no seio da Concelhia.

– Saiu da Câmara de Braga para a política nacional, num episódio que envolveu uma luta pela “sucessão” de Mesquita Machado com o então vice-presidente Nuno Alpoim. Agora regressa a Braga para disputar também com o actual vice-presidente o lugar de candidato do PS à Câmara Municipal de Braga, em substituição de Mesquita Machado...
- Essa é uma reflexão que não me cabe a mim. Mas queria sublinhar que nunca esteve em causa o meu apoio ao candidato do Partido Socialista, Mesquita Machado, que era o candidato natural do partido. Percebi que houve alguma especulação sobre essa questão [com o Nuno Alpoim], mas eu sempre apoiei a solução Mesquita Machado.

– Mas disse recentemente que Braga precisa de um novo ciclo político.
– Por imperativo legal, não é possível ao PS recandidatar Mesquita Machado. Esse imperativo é que exige um novo ciclo, que só é possível, porque as condições que foram criadas até hoje possibilitam esse avanço, que não pode deixar de ser associado ao tempo em que vivemos.

– Que é um tempo de forte crise...
– Sem dúvida. E isso obriga-nos a reestruturar, modernizar e reformar toda a estrutura do Estado. Acredito que este é o tempo de criarmos novas competências para os municípios, tendo em vista o avanço para um novo ciclo de políticas autárquicas que permitam responder com proximidade aos problemas que nos são colocados. É tempo de avançarmos com as matérias de descentralização, que temos vindo a discutir e a adiar desde há 37 anos.

– Refere-se à regionalização?ionalização está inscrita na Constituição da República Portuguesa, mas compreende-se que os diferentes momentos políticos não permitiram que fosse concretizada. O Poder Local já demonstrou que está apto a desempenhar outras competências e a agir junto das populações em diferentes áreas temáticas, da saúde à economia. Mas quando falo em
A reg
novo ciclo refiro-me também a usar bem os equipamentos que, ao longo de três décadas, foram construídos e bem por Mesquita Machado.

– Quem já está no terreno, como o vice-presidente Vítor Sousa, não estará em melhores condições para o fazer?
– O novo ciclo exige novos protagonistas. É assim que as realidades se processam. Braga é uma cidade e um concelho cujos limites não podem
ser traçados em nenhum tipo de fronteira. É a terceira cidade do país e é um concelho muito jovem e muito dinâmico, pelo que é importante criar novas perspetivas em áreas diferentes daquelas em que já deu provas de que faz e faz bem. O novo desafio tem de ser assumido por quem reúne
as condições para concretizar as novas dinâmicas de desenvolvimento. E justamente por isso é que me disponibilizei para liderar o novo ciclo político, após ter sido desafiado a liderar um movimento significativo que se criou no seio do PS de Braga.

– Mas foi criticado por ter colocado fora do partido o debate sobre o candidato à Câmara...
– Eu tenho uma visão do partido diferente da das pessoas que têm o direito de exprimirem essas opiniões que refere. Acho que o PS será tanto mais credível, quanto mais transparente e quanto maior for a capacidade de projeção externa das suas ideias, dos seus projetos e dos seus protagonistas. Acredito que o partido só tem a ganhar abrindo-se à sociedade, ouvindo-a e recebendo os contributos que ela lhe possa dar. Mas para a sociedade contribuir, precisa de conhecer os projetos e as ideias. No caso vertente, as ideias e os projetos do movimento alargado que viu em mim o possível candidato do PS à Câmara de Braga nas eleições autárquicas do próximo ano.

– O PS de Braga deve seguir esse caminho?
– O PS bracarense tem de cumprir os seus estatutos e eu não tenho nenhuma ética particular. O facto de se dar notícia externa do que está a ocorrer dentro do partido é uma mais-valia, porque os militantes socialistas vivem em sociedade e é importante que possam recolher junto das suas comunidades o que se comenta sobre a vida interna do Partido Socialista.

– E o que se passa no interior do PS é uma luta pelo poder, que começou nas últimas legislativas, com a eleição do candidato a indicar pela Concelhia.
– Não há democracia que não tenha uma participação por contraditórios. E um partido democrático, nos seus processos internos e na afirmação das suas decisões, sempre que o faz recorrendo ao voto democrático, está a cumprir um dos mais nobres preceitos da democracia e a replicar na sua vida interna o processo constitucional.

– Concorda que o PS deve decidir o candidato através de uma sondagem junto dos eleitores do concelho?
– O que quer que signifique isso da sondagem de opinião junto dos bracarenses, entendo que isso são instrumentos de convalidação de trabalho interno do partido e da relação com a sociedade.

[Esta entrevista conjunta ao "Diário do Minho" e à Rádio Universitária do Minho" foi editada a 7 de Janeiro na RUM e a 9 de Janeiro no "DM"].

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